quinta-feira, 12 de julho de 2012

O encontro


Dor, esse sentimento virou uma constante na minha vida desde aquela manhã fatídica, e a cada dia o sentimento se intensifica mais. Agora acordo com uma nova dor localizada na nuca, meio zonzo, começo a me levantar e vejo que estou encima de alguns colchões de ginástica, a vista vai voltando vagarosamente.
Começo a olhar em volta pra identificar o ambiente, camisas de esporte, bolas, tênis esportivo, garota loira me olhando, material de ginástica, roupas de banho, balcão com um computador... Foi quando minha mente processou a informação eu olhei na direção da garota e dei um pulo pra trás, como um zumbi tinha entrado ali?
O “zumbi” começou a falar: “está tudo bem, está tudo bem, não vou te machucar...” Zumbis não falam, pelo menos não nos filmes, então olhei pra ela com mais atenção,  tinha 1,65 cabelos loiros presos num rabo de cavalo, era atlética e vestia shorts de ginástica e camisa esportiva feminina, na mão um taco de golf que ela jogou pra trás assim que eu olhei pra ele.
Minha única reação foi dizer “oi?”. Que ela respondeu com uma torrente de informações, ela falava tão rápido que eu, ainda em choque, não consegui acompanhar. No meio eu reparei que ela dizia sempre a mesma palavra: “desculpa”. Olhei pro taco no chão, senti a dor na nuca e ouvi mais um “desculpa”... Foi quando percebi o que tinha acontecido e gritei: “FOI VOCÊ! TEM IDEIA DE QUANTO ESTA DOENDO ESSA PANCADA?” ela respondeu apenas “Pelo seu estado eu achei que você era um deles”.
Olhei no espelho e vi que ela tinha razão: roupas rasgadas, ferimentos pelo corpo e eu devia ter gemido de dor quando apoiei o braço na porta...
Ela continuou: “Pelo seu estado você deve ter quase morrido, qual o seu nome?”
Eu: “Me chamo Mario, e você?”
Ela: “Alice, acho que você não estava ouvindo o que eu falava né? Bom, vou começar de novo, desculpa ter te acerta...”
Mario: “Não tem problema, o mais importante é se estamos seguros aqui.”
Alice: “não precisa estressar, estamos seguros, mas não sei como você entrou aqui”
Mario: “se algum deles conseguir entrar por onde eu entrei então estamos mais ferrados do que eu imagino”
Alice: “não foi isso que eu quis dizer, quero saber onde você estava, pois pelo estado parece que caiu de um avião direto aqui pros fundos”
Contei pra ela a minha história e ela me disse que a loja era do pai dela e hoje ele pediu pra ela abrir antes de ir pro treino de vôlei, daí o uniforme. Alice é estudante de educação física, trabalha na loja do pai e gosta de ir pra academia e de jogar vôlei. Foi quando ouvimos meu estomago, faminto olho pela janela e vejo que o dia já terminava, devia ter passado horas desacordado, a única coisa que me animava era que essa segunda-feira estava no fim.
Alice: “pelo visto você deve estar com fome, tenho algumas barras de cereais, mas não muitas...”
Foi quando eu percebi que não ficaríamos muito na loja, em breve faltaria comida e quanto mais fome passarmos menor nossas chances de chegar num local seguro. Essa segunda-feira iria ser realmente longa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário